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Faculdade de Belas Artes de Lisboa Arte e Multimédia

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sombra

Através de lendas e histórias míticas foi-se aceitando que desenhar o outline da sombra é uma espécie de linguagem primitiva da alma.

O Homem reconhece a sua alma na sua sombra e uma sombra na sua alma.

Somos nós mas não somos. O nosso eu corpóreo não é a nossa sombra, mas é a nossa alma, que faz parte de nós.

Por volta dos anos 1800 a sombra era considerada uma emancipação pessoal mais eficaz do que as informações que a pessoa pudesse dar sobre o seu interior.

"Shadow analysis" de Lavaterian ditava que na leitura das sombras se descobria a moral das almas das pessoas. As crenças de um psysiognomist eram "what the person conceals, the shadow reveals".
Era através da sombra que um individuo era determinado, onde a sua identidade era definida.






Na observação de sombras a imaginação é necessária para imprimir detalhes na nossa mente, possíveis de se renovar e modificar conforme o nosso prazer, criando imagens de maneira perfeita como se realmente as estivéssemos a ver.
Isto é possível pois conseguimos ter uma fácil percepção de semelhanças entre objectos. Assim, quando algo nos é apresentado (mesmo sendo abstracto como formas de cicatrizes), temos a capacidade de criar uma relação de semelhanças entre este e outro objecto. Descobrimos rapidamente ao que a forma se assemelha.
Esta capacidade, só por si, cria uma linguagem própria, natural e inteligível.



A short history of the shadow by Victor I. Stoichita

Visibilidade

Ó imaginação,
que tens o poder de impor-te às nossas faculdades e à nossa vontade e de nos arrebatar para um mundo interior roubando-nos ao mundo externo, de modo que mesmo se soassem mil trompetas não daríamos por isso,
donde provém as imagens visuais que recebes, quando não são formadas por sensações depositadas na memória? O céu transmite imagens ideais ou é por vontade de Deus.

Sonho

Numa noite acordei sobressaltada com um sonho mesmo muito estranho. Ainda estava muito vivo na minha mente e, pela primeira e única vez, tive a iniciativa de registar esse sonho. Peguei num bloco que tinha junto à cama e numa caneta e tentei lembrar-me do sonho o mais detalhadamente possível. Com pressa para tentar não esquecer pormenores, isto foi o que escrevi:

"... Encontrava-me num pátio, talvez a passear, talvez a fazer outra coisa qualquer. A determinada altura dou-me conta que mais pessoas estavam lá: vislumbrei pelo canto do olho o Aang* e a Katara* juntos dentro de uma das duas cabanas de palha que ocupavam grande parte do enorme pátio. Segui como se nada fosse, para continuar a fazer o que fosse que estava a fazer...

Katara e Aang vêm ter comigo pouco tempo depois. E passado alguns segundos passei para o corpo da Katara - eu era a Katara. Vi então pelos olhos dela a outra pessoa quem eu era suposto ser, mas não a reconheci. Ela então começou a fazer uma demonstração do que parecia uma mistura entre waterbending* e earthbending* para impressionar Aang e a Katara (eu), mas sem muito sucesso.

Entretanto aparecem mais pessoas da nossa idade que seguiam alguém muito mais velho, dando a sensação de ser o mestre destas. Este mandou a minha ex-eu parar com a exibição e chamou-nos a todos para entrar no edifício no meio do lago. Fomos então todos atrás dele pela ponte muito fina que ligava o continente à ilha com o edifício que a preenchia por completo.

Quando entrámos quase tudo mudou: o cenário, o aspecto físico de cada um, ... Mas as personagens ainda faziam o mesmo papel, isto é, ainda éramos jovens a ser comandados por um chefe que se impunha a todos os outros.
Agora ninguém tinha poderes especiais, e estávamos todos dentro de um Bunker. A primeira acção foi feita pelo capitão que adicionou mais uma fechadura à sala principal onde só ele possuía a chave. Mas quase na mesma altura chegou aquela pessoa perturbadora que queria mandar à força toda. E aquela nova fechadura só a deve ter irritado ainda mais do que deu a entender inicialmente, pois o sonho saltou directamente para a parte em que essa pessoa começa a esfaquear e a dar tiros em toda a gente, conforme fossem aparecendo à frente dela.

Quando dei por mim estava a ser deixada viva. Isto porque, ao que parece (de repente soube logo qual a razão) eu tinha sido amante dela até à pouco tempo (eu agora era um homem pequenino e franzino que não podia fazer nada contra uma mulher armada) e porque, de alguma maneira, ambos tínhamos visto o futuro e sabíamos os dois que a minha morte seria a última.
Em completo desespero presenciei todas as mortes, e mesmo quando tentava impedi-la não era bem sucedida.

Tinha chegado a minha vez. Mais ninguém estava vivo e ninguém a podia impedir. Lutámos com pistolas que rapidamente ficaram com o carregador vazio, e de seguida com facas. No entanto ela diz-me que não quer acabar isto assim e que, lutando contra o destino, ia-me deixar viver. Eu, enojada pela proposta dela (como se eu quisesse alguém que acabou de matar dezenas de pessoas), sem forças, estava petrificada, não sabia o que fazer. Ela faz-me levantar e seguimos para a porta quando alguém muito parecido com a minha professora primária entra com o marido e a filha.

Quando a minha professora aproxima-se para nos cumprimentar a minha ex-amante tira uma faca, de sabe-se lá de onde, e corta o pescoço à mulher. No meio da confusão eu acabo por sair da casa que, a olhar para ela de fora, é igual à casa da minha avó em trás-dos-montes em Cerva.
Enquanto estou a descer (a casa da minha avó é numa rua inclinada) com muito esforço, apercebo-me que estou acompanhada pelo meu pai (no entanto esse facto não me espanta). E quando olho para mim já sou eu, a Joana de 19anos.

Enquanto corremos o meu pai diz-me para eu entrar no carro depressa. Coloquei as muletas que tinha na mão (acho que tinha tirado as muletas à assassina para ganhar alguma vantagem, apesar de em nenhum momento anterior ela parecer aleijada) no banco de trás e apressei-me a sentar. O meu pai abafado com o esforço diz que agora era directo até ao Algarve para fugirmos da psicopata que a qualquer momento podia sair de dentro de casa e matar-nos. Dentro do carro baixámo-nos de maneira a que ninguém nos conseguisse ver do lado de fora e o meu pai acelera.

A meio da descida acordei."

*Katara e Aang são personagens de uma animação do canal Nicklodean, que costumava ver com frequência, onde se tem o poder de manejar e transformar os 5 elementos. Neste caso waterbending (água) e earthbending (terra).
** Até hoje este é o sonho do qual me lembro melhor e recordo-me com mais pormenor. Grande parte devido, provavelmente, ao esforço e ao tempo que me dediquei a anota-lo.
*** Na aula em que escrevemos os sonhos, não escrevi este, decidi-me por contar um dos meus recorrentes sonhos com elevadores, onde eles passam do rés-do-chão e continuam pela terra adentro. Mas depressa me apercebi que já só me lembrava dele muito no geral e os pormenores que tanto me intrigaram na altura já não me recordava. O grande tempo que tinha demorado a escrever na aula tinha sido mesmo para tentar lembrar de mais alguns detalhes.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Escrita Automática 2

Hum... Ensurdecedor. Demasiado alto neste meu cérebro vazio. A mente não pensa, está a ser bloqueada por algo demasiado grande. Tudo é apanhado por aquilo. Nada se lhe escapa. Um tsunami invizivel. Que tudo leva mas tudo fica... fica para trás, os restos corporais. Ensurdecedor. Não penso, mas eu quero. Eu luto por algo que não consigo agarrar. Eu estico os dedos, o braço, o corpo, ... Não sou grande o suficiente. Ensurdecedor. É grande, maior que eu. Abafa-me, quero sair. Luto, grito. Não chega. É grande. Ele enche-me, preenche-me. Ele agora é tudo e eu já não sou nada. Ele sou eu, pois o meu eu já não existe.

Escrita Automática 1 - Visibilidade e Invisibilidade

Ver. Não ver. Manto da Invisibilidade. Existir e não existir. Estou lá mas não estou. A minha mente está presente e critica. A ver. Mas o meu corpo, o que sinto, não está. Não me sinto ligada a este mundo. Mas faço parte dele. Pertenço, tal como tudo o que me rodeia e tenho consciência. Tudo aquilo que vejo e não vejo. Mas não me sinto. Não há ligação física. Tocar, sentir, não o faço. Pois não me vejo. Nem ninguém me vê. Não estou, mas sei que aqui estou e pertenço e faço parte de tudo e de todos. Não me vêm, não me tocam, não me reconhecem, não me entendem como existência. Se para os outros não existo, se ninguém comprova minha existência, como posso ter a certeza que realmente aqui estou e vivo? Mas eu SEI que aqui estou e existo. Ou é só loucura? Mas loucura também existe. O que quer que seja que eu seja tem de existir. Quer as pessoas vejam ou percebam ou não.