No mito de Plínio, o velho, a arte pictórica e a escultura surgem do acto de uma jovem apaixonada, que traça o contorno da sombra do seu amado, que vai de viagem.
O início da intenção artística vem, pelo mito, desde a Grécia antiga, e envolve a ideia antiga de que a nossa sombra projectada faz, de algum modo, parte de nós.
Ellis Gallagher foca o seu mais recente trabalho no acto de contornar sombras de qualquer objecto na rua. Quando o foco de luz (qualquer lâmpada de rua, vitrina ou o sol) se movimenta ou se apaga, o que resta dessa sombra é só o contorno. O que leva os transeuntes que passam pelo registo não perceberem o contexto inicialmente, tornando as obras mais interessantes.
O seu trabalho não se baseia propriamente na procura do acto primordial do desenho e contorno das sombras, mas reflecte mais a sua indignação quanto ao estatuto da arte do graffiti. Como os seus contornos são feitos a giz, Gallagher já não pode ser preso por danos a propriedade alheia, pois giz não danifica permanentemente.
No entanto, o facto do seu trabalho utilizar o contorno básico da sombra com giz, algo tão simples, para a observação por todas as pessoas na rua, para o deleite e interpretação pública (sem museus nem estatutos), é o que torna as obras de Gallagher mais interessantes no contexto do meu tema.
Assim, pretendia adaptar o seu método, utilizando o giz para contornar sombras num local público, mas com uma intenção bastante diferente: Como Plínio subentendera (e muitos mais o farão no decorrer da história ocidental), a sombra é vista como uma reflexão, uma essência projectada da alma da pessoa que a criou. Mas, ao contrário de Gallagher que só contornava sombras de objectos, pretendo apenas contornar sombras humanas, onde a identificação, a comparação e o reconhecimento sobressaem durante a observação. E claro, o significado latente que tem sobre as sombras: algo sombrio e misterioso, pela sua subjectividade.
Por outro lado, ver contornos humanos leva-nos a imaginar que realmente já alguém esteve naquele lugar em particular (sombra e corpo são inseparáveis). Se nos colocarmos de modo à nossa própria sombra coincidir com o contorno deixado por outra sombra, é como se acabássemos por partilhar um mesmo espaço e tempo com a outra pessoa que deixou a sua posição marcada por aquele registo. Esse facto torna-se mais relevante se o local e a posição deixada pela sombra forem num acto demasiado pessoal, como, por exemplo, numa casa-de-banho, ou num vestiário.
O início da intenção artística vem, pelo mito, desde a Grécia antiga, e envolve a ideia antiga de que a nossa sombra projectada faz, de algum modo, parte de nós.
Ellis Gallagher foca o seu mais recente trabalho no acto de contornar sombras de qualquer objecto na rua. Quando o foco de luz (qualquer lâmpada de rua, vitrina ou o sol) se movimenta ou se apaga, o que resta dessa sombra é só o contorno. O que leva os transeuntes que passam pelo registo não perceberem o contexto inicialmente, tornando as obras mais interessantes.
O seu trabalho não se baseia propriamente na procura do acto primordial do desenho e contorno das sombras, mas reflecte mais a sua indignação quanto ao estatuto da arte do graffiti. Como os seus contornos são feitos a giz, Gallagher já não pode ser preso por danos a propriedade alheia, pois giz não danifica permanentemente.
No entanto, o facto do seu trabalho utilizar o contorno básico da sombra com giz, algo tão simples, para a observação por todas as pessoas na rua, para o deleite e interpretação pública (sem museus nem estatutos), é o que torna as obras de Gallagher mais interessantes no contexto do meu tema.
Assim, pretendia adaptar o seu método, utilizando o giz para contornar sombras num local público, mas com uma intenção bastante diferente: Como Plínio subentendera (e muitos mais o farão no decorrer da história ocidental), a sombra é vista como uma reflexão, uma essência projectada da alma da pessoa que a criou. Mas, ao contrário de Gallagher que só contornava sombras de objectos, pretendo apenas contornar sombras humanas, onde a identificação, a comparação e o reconhecimento sobressaem durante a observação. E claro, o significado latente que tem sobre as sombras: algo sombrio e misterioso, pela sua subjectividade.
Por outro lado, ver contornos humanos leva-nos a imaginar que realmente já alguém esteve naquele lugar em particular (sombra e corpo são inseparáveis). Se nos colocarmos de modo à nossa própria sombra coincidir com o contorno deixado por outra sombra, é como se acabássemos por partilhar um mesmo espaço e tempo com a outra pessoa que deixou a sua posição marcada por aquele registo. Esse facto torna-se mais relevante se o local e a posição deixada pela sombra forem num acto demasiado pessoal, como, por exemplo, numa casa-de-banho, ou num vestiário.
Ellis Gallagher: